Viagem Literária




Um dia desses, vi uma menina da minha sala com o livro: O céu está em todo lugar da autora Jandy Nelson, esse é um dos meus livros preferidos. Ao observar ele pousado a mesa fiquei pensando na história, sentindo saudade dos personagens, do ambiente, enfim, foi um momento nostálgico. Mas ao perpassar por essas lembranças fiquei me perguntando, por que tinha gostado tanto desse livro? Claro, é uma narrativa bem construída, no entanto ela em si não se parecia muito com a minha vida a ponto de me identificar tanto e virar um livro de cabeceira.  

Dessa forma, aprofundei-me em meus pensamentos e recordei do que mais gostava na leitura e percebi que além de ter lido em outro momento da minha vida o escape era maravilhoso. Quando lemos viajamos para dentro do livro e sentimos o que os personagens sentem, como no filme The Pagemaster, (filme em que com o intuito de fugir da tempestade, o jovem Richard Tyler abriga-se em uma biblioteca, onde conhece um excêntrico bibliotecário que o levará em uma inusitada viagem no mundo literário ilustrado, encontrando e conhecendo diversos clássicos da literatura).





Nesse sentido, Jandy construiu um lugar onde eu amava estar, a natureza exuberante, as conversas leves, o humor que se relaciona com a pigmentação das plantinhas, poder deitar na grama e sentir o sol, andar na estrada de forma tranquila. Assim, o ambiente de O céu está em todo lugar, era meu espaço preferido, olhar para o céu nunca mais teve o mesmo significado para mim, meu amor por esse livro se explica por ser meu universo que ainda amo memorar... Acho que por isso foi tão difícil me despedir dessa leitura.

Depois de pensar nisso comecei a pensar em minhas demais leituras e como elas tinham não apenas uma função de lazer, mas também de necessidade e terapia. Nessa linha, levei meus pensamentos ao livro As vantagens de ser Invisível, meu livro amorzinho que já ganhou uma resenha aqui no blog. Li esse livro em minha adolescência e era tudo que eu precisava ler. Ir às festas, entender os valores da amizade, sentir o vento tocando o meu corpo, subir no capo de uma caminhonete enquanto toca uma música no volume máximo e me sentir infinita. As sensações proporcionadas nas viagens literárias são como drogas.


E assim, percebi que não precisamos nos identificar por completo com a história para gostarmos de uma leitura, e que talvez não existam livros bons ou ruins, mas sim livros que nos proporcionam boas viagens ou não, livros para o meu momento ou não.  E talvez um dos motivos de não gostar de todas as adaptações dos livros para filme, seja que não me leve ao mesmo lugar, já que não é da mesma forma que idealizei quando li o livro.

Agora quando penso em ler um livro me pergunto, para onde quero ir? Afinal de contas, a leitura não se dá apenas em conhecer uma história interessante construída por um autor, até mesmo porque seu ofício não consiste somente nisso, ela percorre em um ambiente que você irá morar no passar das páginas e te fará sentir coisas e se esvaziar da realidade. Porque os leitores precisam dos livros na mesma proporção que o livro precisa dos leitores.

Comentários
1 Comentários

Um comentário :

  1. Oi Giovanna, como vai?
    Que texto lindo! É desse jeito que me sinto em relação a alguns livros que tive o prazer de ler no decorrer desses mais de 30 anos de leitora! Nem sempre a história é maravilhosa, mas às vezes o lugar para onde ela nos leva é que faz tudo ficar mais bonito.
    Bjus
    www.docesletras.com.br

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